quinta-feira, 18 de maio de 2017

Um dia triste

Sempre disse que era questão de tempo até aparecer alguma coisa contra o Temer. Mas o que me surpreende mesmo, é que tenha sido tão recente. Enquanto TODOS nós estamos esperando por uma guinada ética há mais de 30 anos, esse cara, presidente circunstancial do Brasil, que só precisava passar o bastão adiante sem pisar mais ainda na bola do que já vinham pisando, vai lá e faz mais do mesmo. Mas como eu disse, não me surpreende o ato. Me surpreende o timing.
Agora, sobre o Aécio, que eu apoiei na eleição achando que fosse uma opção social democrata madura e digna... Quão absurdas são as palavras "tem que ser um cara que a gente mate ele antes de fazer a delação"? Alguém pode me dar um tranquilizante, por favor? Isso sair da boca de um cara que poderia ter sido eleito presidente, mesmo que a circunstância não tenha sido propriamente uma ordem, mas uma "bricadeirinha", mostra o descolamento que os políticos vivem da realidade. O que ele estava querendo dizer com isso? Ele estava acreditando na impunidade. E é nisso que eles continuam acreditando lá em Brasília...
Hoje é um dia muito triste para o Brasil, quando deveria ser um dia de reflexão profunda, discussão e de união em torno da realidade provável que é a de que mais de cem milhões de brasileiros votaram errado em 2014. E não de procura por argumentos que justifiquem razoavelmente suas escolhas, nem tampouco de comemorações como se tivesse acontecido algo como um gol de "empate". Estamos todos no mesmo barco. Fomos todos enganados.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Voltar (The Müller Shire)

Moro em Porto Alegre há 16 anos.
Com a vinda dos meus pais para a Capital, fazia pelo menos dez que eu não entrava na casa onde passei a maior parte da minha vida. Fiz isso hoje.
Ninguém mora lá há mais de dez anos e ela está como deveria estar... mas continua grande e cheia de memórias.

Meu pai construiu aquela casa trabalhando. Escolheu o terreno de esquina no "Alto da Eira", nos limites da região central e o bairro Nossa Senhora das Dores, e aos poucos aquilo foi se transformando no nosso pequeno Condado. The Müller Shire.
O reino do meu velho construído com a abnegação do trabalhador incansável que ele sempre foi.

Minha história toda ali. E ainda lembro da primeira noite, há 33 anos.
Me emocionei ao recordar os Gre-nais de futebol de botão no chão do quarto, que se transformava num Beira-Rio lotado, com narração e torcida...
Tudo continua ali... o mesmo parquê, o mesmo quarto, e eu também, o mesmo guri.
Andei pela casa como um fantasma visita o mundo dos vivos...
Lembrei das tardes de futebol com o meu pai...
Eu corria atrás e o velho só ria... Não conseguia pegar a bola nunca.
Mas nunca desisti. Mais tarde, essa persistência passou a ir a campo comigo, e apesar da qualidade limitada, sempre fui um jogador raçudo.

Liguei para ele e chorei.
Com saudade de ouvir a voz dele falando comigo lá dentro. Me ensinando.
E ao mesmo tempo uma gratidão imensa.
Aí eu vejo que ainda vou a campo, e que a cada dia que passa tenho mais a aprender.
Mas tenho a certeza de que o principal a vida me ensinou naqueles momentos, enquanto eu corria atrás das pernas do meu pai.

Obrigado, velho.
Tu é o cara.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Livros 2010

Encerrado o ano já há 25 dias, publico aqui minha lista de livros que li no ano passado.
Foi um ano legal, tive tempo para ler e paguei algumas dívidas que tinha com a cultura. Mas ainda falta muito...

Aí vai:

1. Quincas Borba (Machado de Assis)
2. Pipe Dreams (Jason Borte)
3. Memórias de Minhas Putas Tristes (Gabriel García Márquez)
4. Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)
5. Grandeza e Decadência de Roma (Montesquieu)
6. Não tenho culpa que a vida seja como ela é (Nelson Rodrigues)
7. O Velho e o Mar (Ernest Hemmingway)
8. Dom Casmurro (Machado de Assis)
9. Hipnotizando Maria (Richard Bach)
10. Travessuras da Menina Má (Mário Vargas Llosa)
11. Uma Breve História do Século XX (Geoffrey Blainey)
12. A Incrível Viagem de Schakleton (Alfred Lansing)
13. Leite Derramado (Chico Buarque)
14. Budapeste (Chico Buarque)
15. Abusado (Caco Barcelloa)
16. O Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger)
17. Vidas Secas (Graciliano Ramos)
18. Antologia Poética (Vinícius de Morais)
19. A Última Rajada (Peter Henn)
20. Fernão Capelo Gaivota (Richard Bach)
21. Os Sertões (Euclides da Cunha)
22. Para sempre teu, Caio F. (Paula Dip)
23. Os dados estão lançados (Jean-Paul Sartre)
24. Cem anos de Solidão (Gabriel García Márquez)
25. As Palavras (Jean-Paul Sartre)
26. Uma Breve História do Mundo (Geoffrey Blainey)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os Sertões


Por onde começar...

A leitura de Os Sertões do Euclides da Cunha pode ser um teste de paciência para alguns. As primeiras divisões do livro, A terra, O clima, O homem, são verdadeiros tratados. É incrível como e onde o autor foi buscar tanta informação técnica !!!

Depois, quando começa de fato a narração dos acontecimentos, o livro se torna mais fácil e leve. E a impressão do Euclides passa de um parnasianismo enfadonho para a erudição profunda mas simpática.

A história contada em Os Sertões não precisa ser a versão definitiva da verdade. Mas o que apresenta retrata, provavelmente da maneira mais próxima possível, uma luta cruel e feroz, animalesca de lado a lado, onde o ser humano - apesar do arroubo antro-psicológico darwiniano do autor em explicar o funcionamento da mente dos mestiços de Canudos a partir da sua descendência - mostra as duas faces de sua natureza mais extrema: enquanto decapitava e empalava, atirava-se às balas para salvar os filhos inocentes dos inimigos ou ainda, mães que corriam em direção dos casebres em chamas carregando nos braços os filhos pequenos em busca de uma morte digna.
É difícil entender uma natureza assim, mas parece que os nossos sentimentos mais originais aqueles causados pela fome, a sede e o medo.

Dívida


Eu li Budapeste e é melhor que Leite Derramado.
Meu problema com o LD foi a fórmula... não consegui dissociar de Memórias Póstumas de Brás Cubas, que também parece ter seguido uma fórmula...
Tudo bem, todos nós temos momentos de: Eu queria ter escrito esse livro, essa música, essa novela... mas não vale copiar... e, se ficar parecido demais... vale desconfiar.

Em todo o caso, indico Budapeste como grande obra literária do Chico - tirando as suas letras, é claro.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Primeira impressão...

Preciso ler "Budapeste", do Chico Buarque.
Porque li "Leite Derramado" e não achei à altura das críticas positivas que Chico recebera por aqui, na redação do meu trabalho, como escritor.
O que percebi, no último livro lançado por um dos maiores intérpretes da música brasileira, foi algo como uma tentativa de se aproximar do Memórias Póstumas de Brás Cubas, do Machado de Assis - que já fora escrito sob forte influência de outro romance onde o morto contava sua história - com a diferença de que as memórias do Eulálio (personagem central de Leite Derramado) não eram ainda póstumas, mas apenas moribundas...
Apesar disso tudo, não é um livro ruim. É inteligente, é escrito em uma narrativa quebrada, realmente interessante. Mas não frequenta o rol dos grandes livros.
Entretanto, ele nos reserva uma frase maravilhosa, daquelas que quando lemos, fica tatuada em nossa mente. Uma frase que eu queria ter dito, pensado ou composto: "...Porque tudo é mesmo uma merda. Mas depois melhora um pouco, quando de noite a namorada vem".
O Chico não se revelou para mim, por esse livro, um grande escritor. Mas aquela frase, que simplifica a essência da vida adolescente, valeu o livro...

sábado, 5 de junho de 2010

Tudo a seu tempo

Blog, facebook, twitter.
Trabalho, livros, academia.
Família, amigos, amores.
Nós mesmos...

Onde encontrar tempo para tudo sem deixar de lado alguma coisa?

O que deixar de lado?
A academia foi faz tempo, mas ainda encaixo a malhação em algum espaço.
Já saí do orkut, já parei de escrever no blog e o twitter, quase não lembro a senha...

Restou apenas aquilo que me é essencial.
Não posso deixar mais nada de lado.